Mais um driver NTFS no Linux
Quando escrevi sobre o driver ntfs3 (1, 2,
3),
imaginei que haveria tração suficiente da comunidade para aprimorá-lo, com uma
manutenção competente da Paragon. Não foi o que aconteceu. Quatro anos depois,
o código funciona, mas está longe de alcançar a estabilidade necessária. Ainda
não suporta a montagem de volumes NTFS sujos — aqueles não desmontados
corretamente —, processo conhecido como journal replay, no qual o
driver consulta o histórico de transações e refaz as operações incompletas (e
ignora as não commitadas) para restaurar a atomicidade e a consistência do
sistema de arquivos. Esse recurso foi prometido desde o início e, até hoje,
está quebrado.
Além disso, o código usa APIs obsoletas do kernel, que, embora suportadas, revelam uma manutenção precária. A Paragon também prometeu ferramentas para criação e, especialmente, verificação de volumes NTFS, mas não cumpriu.
Agora, surge o anúncio do ntfsplus:
https://lore.kernel.org/lkml/20251020020749.5522-1-linkinjeon@kernel.org/
Pelo copyright do código, trata-se de um trabalho patrocinado pela LG. Namjae
Jeon afirma que o driver roda em produção, em algum produto da empresa,
acredito. A equipe optou por partir do antigo driver NTFS classic (removido no kernel 6.9), por ser mais limpo e bem comentado, modernizando-o com APIs atuais e
adicionando suporte a escrita. O desempenho de escrita com mútiplas threads é
muito superior; nos demais cenários, equipara-se ao ntfs3, com a
vantagem de ser mais robusto desde já, passando nos testes do
Bonnie++ e em uma
quantidade maior de
xfstests. O plano é torná-lo totalmente journaled após a aceitação, o que
inclui não só o replay do journal, mas também atualizações em tempo
real durante escritas — permitindo que até o Windows realize o
replay posterior. Isso representaria uma implementação verdadeiramente
completa do NTFS no Linux, com Namjae estimando que demorará um ano para
estabilizar.
Diferente das promessas vazias da Paragon, o time da LG forkou a suíte
ntfsprogs, corrigiu diversos bugs, expandiu significativamente a ferramenta
ntfsck e publicou abertamente:
https://github.com/ntfsprogs-plus/ntfsprogs-plus
Portanto, é provável que daqui alguns lançamentos o Linux ganhe outro driver NTFS. Desta vez, mais promissor.
Opa, agora sim! Para aqueles que estão pensando em usar o Linux como SO diário isso é uma notícia excelente. Imagine não precisar se preocupar com pendrives e HDs externos que se recusam a montar por causa de uma remoção abrupta, ou com a pasta da Steam não precisando estar numa partição exfat. Vamos torcer para os japas da Coreia conseguirem.
ResponderExcluir