Jogos do Xbox One no Series S
Após jogar um pouco mais no meu Xbox Series S, compreendi melhor como os títulos para Xbox One funcionam nele. A Microsoft é reconhecida por oferecer uma excelente retrocompatibilidade em seu ecossistema. Neste texto, o foco será exclusivamente nos jogos do One, deixando de lado os do 360 e do Xbox original (cujo funcionamento em si é impressionante), visto que não possuo nenhum desses.
O cenário ideal ocorre quando o estúdio pega o código-fonte do jogo, faz as adaptações necessárias e lança uma versão nativa otimizada para Series X|S (XboxGen9). Nessa situação, todo o potencial da arquitetura RDNA 2 pode ser aproveitado — Ray Tracing, Mesh Shaders, Sampler Feedback, entre outros. Além disso, o desenvolvedor leva em conta apenas a CPU Zen 2 para melhor IA, física e outras lógicas de jogo, sem precisar considerar os raquíticos núcleos Jaguar da CPU do One e One X.
Existe também um caminho intermediário: o desenvolvedor mantém o jogo compatível com o One, mas adiciona melhorias opcionais ativadas apenas no Series X|S (XboxOneGen9Aware). Nesse modo, não é possível usar todos os recursos adicionais, visto que o jogo precisa continuar funcionando no One.
Quando nenhuma das opções existe, o Series S executa a versão do One[1]. A resolução de renderização permanece igual, e o console oferece FPS Boost e HDR Automático quando esses recursos são compatíveis. Ambos são implementados sem exigir alterações no código do jogo. A Microsoft coordena com o estúdio caso correções sejam necessárias, mesmo que isso não resulte numa versão nativa.
Apesar do esforço da empresa, nem todos os títulos recebem tais recursos. Alguns não passam na validação porque o motor gráfico apresenta bugs quando a taxa de quadros é aumentada ou exibe problemas visuais com HDR, e o desenvolvedor não está disposto ou disponível para resolver a questão. Exemplos na minha biblioteca: Rise Of The Tomb Raider, que roda nos 30 FPS originais sem suportar FPS Boost[2], e ReCore, que roda a 60 FPS com FPS Boost, mas sem HDR Automático.
A pergunta que surge é: jogos do Xbox One rodam melhor no Series S do que no console antigo? A resposta é sim. Tive um One "Fat" e a primeira diferença que salta aos olhos é o upscale para 4K: o One "Fat" entregava sinal 720p ou 1080p (configurável), deixando a TV responsável pelo redimensionamento. O upscaler do Series S, que assume o trabalho, é claramente superior (FSR?), mais nítido. Não sei como se compara ao One S, que já tem upscaler interno.
Em seguida, jogos que rodam com resolução dinâmica no One têm à disposição mais potência de hardware no Series S para atingirem e se manterem de forma consistente mais próximos da resolução máxima para a qual foram originalmente projetados. Para ilustrar, imagine um jogo com resolução dinâmica entre 720p e 1080p no One, em que uma cena complexa com muitos elementos gráficos fazia a resolução cair para 720p com o objetivo de manter a taxa de quadros estável. No Series S, essa queda não será tão acentuada, ou nem acontecerá. Outra diferença óbvia é o tempo de carregamento absurdamente mais rápido graças ao SSD NVMe. Por fim, as texturas distantes ficam mais nítidas — um detalhe sutil, mas que faz diferença — por causa do 16x anisotropic filtering aplicado automaticamente na maioria dos jogos retrocompatíveis. É similar ao que o One X faz ao rodar jogos do One não otimizados, com a vantagem de qualquer gargalo de CPU ser eliminado.
[1] O Series X, por outro lado, prefere a versão do One X, se
existir. Pelo que descobri, em poucos casos, a qualidade gráfica superior é
sacrificada e a versão do One também é usada — suponho quando o FPS Boost não
funciona direito na versão do One X.
[2] O que é uma pena, pois considero o melhor jogo da trilogia. Seu
sucessor, Shadow Of The Tomb Raider, inicialmente usava FPS Boost para
alcançar 60 FPS nos 900p originais (2016p no Series X usando a versão do One
X), porém a Square Enix lançou uma versão XboxOneGen9Aware que roda a
60 FPS sem precisar do recurso, mantendo
as resoluções intocadas
em ambos consoles. Rise Of The Tomb Raider não teve a mesma sorte.

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