Continuando nos consoles

Meu velho Xbox One original estava pedindo socorro. Os tempos de carregamento do HDD interno de 500 GB testavam minha paciência. Um SSD SATA até ajudaria, mas eu ficaria preso a uma geração antiga, com cada vez menos novos jogos AAA.

Postei no fórum Clube do Hardware um resumo da minha pesquisa inicial enquanto decidia o próximo passo. Descobri que a Microsoft não monta mais consoles no Brasil — são todos importados. O Series X desapareceu do mercado, enquanto o Series S está disponível em lojas menores em marketplaces (não sei por que grandes varejistas, como a Amazon, não o vendem). Sobre a garantia: as unidades vindas da China para distribuição no Brasil, com caixa e folhetos em português e cabo de força no padrão brasileiro, têm garantia aqui, desde que acompanhem a nota fiscal.

Decidi, então, comprar um Xbox Series S por R$ 2500, após confirmar com um vendedor confiável do Mercado Livre que era o modelo para distribuição no nosso país. O console, modelo 1883, é distribuído pela Allied Tecnologia.

Para mim, é o melhor custo-benefício, preservando meus jogos digitais. As mídias físicas morreram e estou tentando passar as minhas adiante, já que o Series S não possui leitor óptico. O console é compacto — metade do tamanho do Xbox One —, silencioso e mantém a mesma interface intuitiva do One, só que mais ágil. O SSD NVMe é um salto: carregamentos bem mais rápidos. No começo, achei que 512 GB (cerca de 365 GB livres, descontando o sistema) poderiam limitar, mas não é tão desesperador. Jogos indies ocupam até 10 GB cada; já os AAA são maiores, partindo de uns 40 GB até 100 GB. Eu costumo pegar um jogo e focar nele até zerá-lo, então consigo conviver sem grandes dificuldades.

Todos os meus jogos digitais rodaram, seja via retrocompatibilidade ou com versões otimizadas para Series S|X ("S|X" no canto inferior esquerdo do bloco identifica tais títulos). O Series S tem um alvo teórico de "1440p a 120 FPS". No entanto, a forma como os motores de renderização usam o hardware varia bastante. Alguns jogos oferecem em suas configurações modos predefinidos: qualidade, priorizando resolução mais alta (geralmente 1440p) com FPS mais baixo (30 ou 60 FPS), e desempenho, priorizando FPS mais alto (60 ou 120 FPS) com resolução mais baixa (900p ou 1080p). Outros não são configuráveis e renderizam numa resolução e taxa de atualização fixas. Por exemplo, Control Ultimate Edition roda em 900p a 60 FPS (no One, em 720p a 30 FPS), sem os engasgos que prejudicavam no console antigo. Por fim, existe a possibilidade de usarem resolução dinâmica (Dynamic Resolution Scaling — DRS), alterando de acordo com a complexidade do cenário para manter a taxa de atualização constante.

O console cuida do upscale para 4K, sem a TV precisar fazer a tarefa. A retrocompatibilidade é tão boa que vários jogos não otimizados, para o One e até mesmo para o 360, que rodavam a 30 ou 60 FPS originalmente, passam a rodar a 60 ou 120 FPS, respectivamente, com o "FPS Boost". "HDR Automático" é similar, adicionando o recurso a títulos antigos.

É um hardware inferior ao irmão rico Series X e ao PlayStation 5. Ao mesmo tempo, traz recursos da nova geração como SSD, HDR, Ray Tracing (poucos jogos aproveitam nele) e taxa de atualização variável (VRR), com CPU e GPU com microarquiteturas superiores às da geração anterior, a um preço baixo, importante para nós brasileiros, nesta terra em que tudo custa uma fortuna. Para um jogador casual como eu, é suficiente.

Comentários

  1. Legal, parabéns pela aquisição!

    Não sabia que a MS tinha parado de fabricar os consoles aqui. As coisas estão cada vez piores, até parece uma reserva de mercado velada.

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    1. A plataforma Xbox vendeu mais ou menos bem aqui no Brasil, especialmente o 360 e, em menor grau, o One. Há quem questione a Microsoft ter desistido de montar os Series S|X em Manaus para, com as isenções de impostos, baratear o custo para consumidor final. Contudo, os Series S|X não estão vendendo bem, globalmente, comparados ao PlayStation 5 e ao Switch, o que teria feito a Microsoft tirar o pé do acelerador nos investimentos, focando na próxima geração. Alguns dizem que a empresa poderia até virar uma nova Sega e largar o hardware de mão. Não sei. Pelo menos mais uma geração está praticamente confirmada, então tem muito hardware a ser suportado, visto que o One ainda é tratado como cidadão de primeira classe, recebendo atualizações no sistema operacional e muitos jogos novos (mas não todos, a tendência é que os AAA saiam cada vez menos).

      Enfim, independente da estratégia da Microsoft, a gente sabe que importar no Brasil é um pesadelo, tanto pelos custos, quanto pela burocracia infernal. Ser uma das economias mais fechadas do mundo é isso.

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  2. Eu estava atrás de um S S porque gostaria de fazer dele meu centro de emulação, até já tinha comprado a licença de dev antes de ter o videogame para poder instalar os emuladores, principalmente aquele que emula um PC com uma Voodoo, mas quando vi que um dos jogos que eu queria (Forza Horizon 2) já tinha saído da loja e só conseguiria tê-lo através da mídia física fui forçado a mudar meus planos e escolher outro console. Um S X usado estava, e ainda está, caríssimo, e levando em consideração minha TV na época, uma LG HD, e o valor de um One X que estava dando uma baita sopa (um terço do valor de um S X), fiz downgrade no meu desejo e peguei ele. Como ele é um Windows com cara diferente, uso o Edge para acessar meu serviço de streaming e assistir F1. O único porém é a falta de poder do processador para emular consoles mais exigentes, como o Saturn e o PS2, mas mais pro lado do primeiro, já que certos jogos como Virtua Cop Elite Edition rodam quase em velocidade nativa. Fora que como está com um SSD a fluidez da interface e dos carregamentos é muito satisfatória. Agora falando do S S e S X, o lado ruim é que se o SSD der problema não tem choro nem vela, vira peso de papel, porque o sistema básico para reinstalação está numa partição do próprio SSD, não uma NAND na placa, como antes.

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    1. Eu vi isso do SSD durante minhas pesquisas. Mesmo que não se consiga mais ler o que está no SSD original, as assistências autorizadas conseguem trocar o SSD. Devem ter acesso às imagens da Microsoft: é uma partição GPT de 1 GB necessária para o console iniciar e daí poder instalar o sistema completo via USB. O código parece ser único por unidade, atrelado sabe-se lá a quê.

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    2. Qual o estado das assistências autorizadas, ainda existem ou o azarado terá que enviar pros EUA? Baita falta de sacanagem da MS, o que custava manter o chip na placa? A solução, como vi num vídeo, é clonar o SSD, ou ao menos a tal partição, cada vez que o sistema for atualizado, porque certamente alguma variável é alterada também na BIOS ou alguma área do processador que tem que casar com o que há no SSD, mas aí haja saco pra ao menos uma vez por mês fazer isso.

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