Adeus, Neil
R.I.P. |
Na última sexta-feira, o mundo da música foi pego de surpresa pelo anúncio do falecimento de Neil Peart, 67 anos, acontecido três dias antes (07/01/2020), baterista e letrista do Rush, vitimado por um câncer no cérebro, que tratava fazia cerca de três anos.
Como fã, fiquei triste. Rush foi uma das principais trilhas sonoras da minha adolescência. Passado aquele surto por rock, ao diversificar meu gosto, Rush continuou tendo lugar cativo nas minhas listas de reprodução. O primeiro disco que escutei foi All the World's a Stage (ao-vivo de 1976) no início do ensino médio. Logo em seguida, Exit... Stage Left (outro ao-vivo, 1981). Ambos me impressionaram demais. Gastei muitas fitas cassete escutando esses e dali para frente vários outros discos da banda enquanto ia ao colégio de ônibus.
Não vejo sentido nesses rankings de melhor baterista. Existem muitos excelentes bateristas mundo afora. Vários provavelmente mais técnicos do que o Neil. Importa é que ele estava no topo. Era reconhecido pelos seus colegas. Era, como bem dito por Steve Barker do canal Junkdrummer TV do YouTube, o carpinteiro da bateria: o foco era a composição, o detalhe, perfeição na execução — a bateria trabalhava para a música, não o contrário.
Com o Rush, em dezoito álbuns de estúdio, Neil orbitou com destreza pelo hard rock e progressivo dos anos 70. No início dos 80, absorveu a new wave (minha fase preferida). Durante o resto dos 80, diversificou o som até chegar ao rock light, flertando com o pop, para depois voltar aos poucos para o hard rock no início dos 90, seguindo assim até o fim da banda. Todas essas fases possuem virtudes.
A indústria do entretenimento nunca deu bola para o Rush no século passado. Isso apenas começou a mudar no início deste, quando lentamente o reconhecimento apareceu, culminando na entrada para o Rock & Roll Hall of Fame em 2013, apenas dois anos antes do encerramento de suas atividades.
Neil era um libertário. Algo definitivamente não compatível com os consensos sociais vigentes. Não importava-se: integridade vem antes. Os conceitos dessa filosofia pairam frequentemente sobre suas letras. Quão improvável é uma banda de rock me fazer ler A Nascente, de Ayn Rand, obra a que o álbum 2112 é dedicado? Pois é…
Para quem interessar-se, sugiro uma pesquisa sobre a história desse grande músico, ávido leitor, possuidor de invejável cultura. Um sujeito humilde e reservado. Além da excelente música, há seus livros, artigos para revistas, entrevistas e textos dos materiais de divulgação das turnês.
É um grande músico, artista e ser humano que se foi.
ResponderExcluirQue Neil faça jams no outro plano com o Dio, Lemmy, David Bowie, John Lennon, George Harrison, John Bonham, Cliff Burton, Bon Scott, Malcolm Young e o Jon Lord.
🤘
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