Literatura cyberpunk — Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?
Eu gosto da temática cyberpunk, dos visuais em filmes, jogos e artes gráficas. Ao pesquisar literatura relacionada, descobri obras importantes. A pedra fundamental do gênero me parece ser Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, de Philip K. Dick, lançado em 1968 — um precursor que, embora não abarque temas como hackers ou ciberespaço, lançou as bases do cyberpunk. O livro inspirou o filme Blade Runner, de 1982, dirigido por Ridley Scott, e foi renomeado posteriormente devido ao sucesso da adaptação. A trama do filme, porém, é bem simplificada e diverge em alguns pontos do livro. Já sua sequência, Blade Runner 2049, de 2017, dirigida por Denis Villeneuve, tem pouco da história original.
É uma leitura envolvente e acessível. Rick Deckard, um caçador de recompensas em São Francisco, atua num futuro onde a Terra, arruinada e coberta por poluição radioativa, viu boa parte da população emigrar para outros planetas. Ele caça androides fisicamente indistinguíveis de humanos, alguns com memórias implantadas que os fazem acreditar serem humanos, detectados pelo teste Voight-Kampff, um exame de reações emocionais, "aposentando-os" (termo que significa "matando-os", já que são vistos como "coisas") com uma pistola chamada tubo de laser (adorei essa designação!).
Reflexões sobre o que nos torna humanos e as diferenças entre nós e os androides permeiam a narrativa, com cenas de ação que pontuam as caçadas, alternadas com momentos mais introspectivos. Há subtramas como uma religião fictícia (que me pareceu deslocada no início, mas ganhou sentido do meio para o fim), pessoas com déficit cognitivo devido à poluição e o apego por animais de estimação, raros e cobiçados. Esse último ponto, embora estranho no começo, integra-se bem à história. E, claro, há a misteriosa Rachael Rosen, a androide que manipula Rick. A ambientação típica do cyberpunk permeia o livro: uma São Francisco futurística, decadente e poluída, envolta por um tom noir.
O final é criticado por alguns como sendo sem graça. Discordo. É um desfecho reflexivo, que encerra o tema central da obra no mesmo tom da narrativa. Vale a leitura para quem gosta de ficção.
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